Por Guilherme Callegari
O Irlandês (2019-3h 30m-16 anos)
Sinopse: Conhecido como “O Irlandês”, Frank Sheeran (Robert De Niro) é um veterano de guerra cheio de condecorações que concilia a vida de caminhoneiro com a de assassino de aluguel número um da máfia. Promovido a líder sindical, ele torna-se o principal suspeito quando o mais famoso ex-presidente da associação desaparece misteriosamente.
Pontos positivos: O primeiro ponto positivo do filme vai para a direção, que direção maravilhosa, todos sabemos que Martin Scorsese é um especialista em filmes de máfia e aqui ele mostra o porque é tão especialista no gênero, a sutileza na forma de conduzir as cenas quando é necessário, quando precisa de algo mais firme ele também faz com perfeição, ele dirige atores como ninguém, sem contar que nada para ele é em vão no filme, tudo está lá por um motivo que acrescente algo a história, ver o trabalho que esse cara faz é uma honra. A fotografia do filme também é muito boa, consegue passar bem, desde a época que estamos, a cenas mais escuras, com luzes mais baixas sempre dando a impressão de ser algo de máfia, uma fotografia que conversa perfeitamente com a direção. A trilha sonora do filme também é um show à parte, músicas que funcionam perfeitamente para conduzir a história, como para construir o clima, eu adorei a trilha sonora do longa. E se, tecnicamente, o filme é perfeito, na parte de elenco, também tem um presente, começando pelos ótimos atores secundários escolhidos, que entregam bem os seus papeis, nenhum está mal no filme. Mas o foco não são eles e sim o trio principal, Robert De Niro, Joe Pesci e Al Pacino, os três entregam personagens completamente diferentes, com histórias próprias, mais com muito para contar e com uma atuação brilhante, Al Pacino fazendo o mais estourado, que gesticula mais, Joe Pesci mais o cara que fala baixo, mais contido, mais que diz muito só com o olhar, e Robert De Niro fazendo o carismático. Um trio maravilhoso, com atuações que vale destacar. A história do filme é muito boa, como ela não para um minuto e, mesmo com muitos conflitos, nunca se perde, você entende tudo e entende como cada uma daquelas coisas que estão acontecendo se ligam perfeitamente. Para fechar, o final, um final triste, um final melancólico, mas necessário e muito bem feito.
Pontos negativos: O primeiro problema do filme para mim vai em relação as personagens femininas, principalmente a Peggy filha do protagonista, Frank, eu entendo o que Martin Scorsese quis fazer aqui, ele não quis dar fala para as personagens femininas, para mostrar como era na época, onde as mulheres não tinham lugar de fala, tanto que as personagens femininas quase não falam nesse filme, e achei uma ideia genial, mas a Peggy precisava falar, para mim, ela não ter longos diálogos, ou não ter uma cena marcante com o Frank, acabou na minha opinião fazendo falta no final, principalmente, para algo mais emocional. Sem contar que é a atriz Anna Paquin que está fazendo, não dar diálogos para ela é um desperdício de uma atriz gigante. O filme apesar de ser bom de assistir, ele cansa, afinal, são três horas e meia de um longa pesado, de uma história pesada, dessa forma ele acaba cansando um pouco.
Dica: Para mim tem dois filmes do Martin Scorsese que são essenciais serem assistidos para quem gostou do “O Irlandês”, que são: “Os Bons Companheiros” que tem a seguinte sinopse: Um jovem cresce na máfia e trabalha arduamente para crescer entre seus companheiros. Ele gosta da vida de dinheiro e luxo, mas não liga para o horror que provoca. Infelizmente, a dependência de drogas e alguns erros finalmente destroem sua escalada até o topo. Baseado no livro Wiseguy por Nicholas Pileggi. E o filme “Cassino” que tem a seguinte sinopse: No início dos anos 70, o mafioso Sam Rothstein é encarregado de administrar um cassino em Las Vegas. Inicialmente, ele e o amigo Nicky Santoro, com tendências violentas, conseguem transformar a casa de jogos em um verdadeiro império. Mas Sam tem uma fraqueza: ele se apaixona e casa com a bela Ginger, uma ex-prostituta ainda ligada a um trambiqueiro. Com o passar dos anos, a fortuna de Ace vai diminuindo, e ele questiona se esses dois comparsas foram a real causa do seu declínio. Com isso, vá atrás desses dois filmes que tenho certeza que não irá se arrepender.
Curiosidade: “O Irlandês” é a adaptação do livro “I Heard You Paint Houses: Frank ‘The Irishman’ Sheeran and Closing the Case on Jimmy Hoffa”, de Charles Brandt. Esse é o segundo filme que conta a história do personagem Jimmy Hoffa, o primeiro, que se chama “Hoffa – Um Homem, Uma Lenda”, foi dirigido por Danny DeVito e lançado em 1992. Jack Nicholson interpretou Hoffa e concorreu ao Globo de Ouro pelo papel. Esse é o filme mais longo da carreira do Scorcese, ele tem três horas e meia. E também o mais longo dentre as produções originais da Netflix. Outra curiosidade é que essa é a primeira vez que Scorcese e Al Pacino trabalham juntos. O filme não saiu barato para a Netflix, foram desembolsados 175 milhões de dólares. A última vez que o trio Robert de Niro, Joe Pesci e Martin Scorsese fizeram um filme juntos foi em 1995, no longa “Cassino”.
Conclusão: Com toda certeza esse é um dos melhores filmes do ano, acredito que deva concorrer a milhares de prêmios, como: direção, fotografia, atuação, tanto principal como secundária, se ele vai ganhar esses prêmios é outra coisa, mas que pelo menos merece disputá-los, isso eu tenho certeza. E digo mais, esse é aquele filme que quem gosta de cinema tem que assistir, não pode perder, e mesmo com alguns pequenos problemas, que não tiram a grandeza desse filme, pois, quando você assiste 3h30 de filme e não sente cansaço e ainda queria ter visto no cinema não é para qualquer um. Então, aproveita que o longa é da Netflix e reserva um bom tempo do seu dia e vá atrás dele.
O Irlandês – Nota:10
O Irlandês – Trailer
O Irlandês – Trilha sonora