A Onda – Critica

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Por Guilherme Callegari

A Onda (2008-1h 50m-16 anos)

Sinopse: Em uma escola da Alemanha, alunos tem de escolher entre duas disciplinas eletivas, uma sobre anarquia e a outra sobre autocracia. O professor Rainer Wenger (Jürgen Vogel) é colocado para dar aulas sobre autocracia, mesmo sendo contra sua vontade. Após alguns minutos da primeira aula, ele decide, para exemplificar melhor aos alunos, formar um governo fascista dentro da sala de aula. Eles dão o nome de “A Onda” ao movimento, e escolhem um uniforme e até mesmo uma saudação. Só que o professor acaba perdendo o controle da situação, e os alunos começam a propagar “A Onda” pela cidade, tornando o projeto da escola um movimento real. Quando as coisas começam a ficar sérias e fanáticas demais, Wenger tenta acabar com “A Onda”, mas aí já é tarde demais.

Pontos positivos: O primeiro ponto positivo do filme para mim vai para sua premissa, é uma premissa muito interessante e, principalmente, que chama a atenção, dificilmente você vai ler a sinopse desse filme e vai pensar “é só mais um longa”, você vai ficar interessado em saber mais, saber se isso que ele fez deu certo, então, a premissa faz, perfeitamente, seu papel. Mas não adiantaria nada ter uma ótima premissa, e a história em si ser mal desenvolvida, e não é isso que acontece aqui, eles conseguem desenvolver a história a um ponto onde, em momento nenhum, você pensa, “isso é impossível de acontecer, ninguém agiria dessa forma”, pois o que ele está falando ali faz um certo sentido. Outro ponto que tem que ser destacado desse filme são as várias de críticas sociais que ele traz, por exemplo, como uma pessoa excluída, quando está em grupo, pode ficar perigosa, como que as pessoas podem mudar muito dependendo do meio que você vive, e isso é bem interessante. Outro ponto que eu gostei do filme e achei que foi uma boa ideia, foi expandir a história para fora da escola, essa ideia de mostrar como o mundo vê aqueles jovens, inclusive, mostrar a família dos jovens, foi uma ideia sensacional, pois ali entra outra crítica, de como nossa sociedade muitas vezes ignora ou despreza pequenos grupos, e não veem o mal que está crescendo ali. Eu gosto do final do filme, acho ele bem corajoso, não teria como terminar de outra forma, inclusive, se ele acabasse de um jeito mais leve acho que não faria sentido com tudo que foi apresentado. Também acho que a direção tem seus momentos, não é nada fora da curva, mas a direção, tem seus momentos, principalmente, nas cenas de sala de aula.

Pontos negativos: O primeiro ponto negativo do filme para mim vai um pouco para o professor, eu não acho o ator em si ruim, mas acredito que, para o filme ter funcionado cem por cento, era fundamental que o público sentisse a mesma coisa que os alunos sentem por ele, e eu sinceramente não senti isso, acho que precisava ter mais carisma. Outro ponto que faz esse filme ter um grande problema são os personagens, pois o longa te dá os dois lados, os que estão do lado da classe e os que são contra, mas vamos ser sinceros, aqui você não se importa com nenhum dos lados, pois o professor não é carismático o suficiente para te engajar naquilo e os personagens, muito menos, todos os personagens do filme, para mim, não são interessantes. Um ponto que também é um pouco complicado entender no longa é a virada deles pararem de ver aquilo só como uma aula e virar algo que eles querem levar para vida, para mim, essa virada é bem problemática, pois, em um dia um aluno fala “é só uma aula” e no dia seguinte ele está batendo em pessoas na rua, acho que precisavam ter feito isso melhor. Outro problema, é que no final do segundo ato eu achei que o filme estava um pouco chato, um pouco arrastado, tem um momento que não estava mais tão interessado como estava no começo, a sorte do longa é que o final é muito bom, e acaba compensando tudo aquilo que eles mostraram em tela, mas poderiam ter feito de uma forma que o longa não ficasse desinteressante.

Dica: The Wave” de Todd Strasser (sob o pseudônimo de Morton Rhue), uma história de ficção, mas que foi baseada em fatos reais. Em abril de 1967, em uma escola de ensino médio em Palo Alto, na Califórnia, o professor Ron Jones fez o experimento mostrado no filme, com os seus alunos, e o chamou de “Third Wave”. Ron Jones, o inventor do projeto original, apareceu na première mundial do filme, no Festival Sundance. Por esse motivo minha dica é que vá atrás da história que realmente aconteceu, e veja como o que está no filme não está tão longe do que poderia acontecer na realidade.

Curiosidades: A peça que os estudantes estão repetindo no filme é de Friedrich Durenmatt. Nessa peça, uma senhora é exilada de sua cidade, pelos moradores, e volta alguns anos depois, quando ela perde seu marido, e herda dele sua fortuna. Ela consegue sua vingança ao liderar um grupo de pessoas para matar o seu antigo amor que não a ajudou quando ela estava sendo mandada embora da cidade. Um dos temas dessa peça é de como as pessoas perdem sua personalidade em um grupo. Uma clara alusão ao que acontece na sala de aula do professor, que mostra como é fácil perder a personalidade dentro de um grupo. O filme foi parcialmente inspirado no avô de Gansel, que contou que eles dois brigavam muito porque o avô costumava dizer para ele que era um apoiador do governo nazista quando esse estava no poder. Só que antes do regime nazista, o avô de Gansel tinha outras ambições e queria se tornar um artista. Foi aí que Gansel entendeu que a alma do fascismo estava apoiada na sedução e na psicologia, e por isso muitas pessoas acabaram envolvidas no regime totalitário. Esse é o tema central do filme.

Conclusão: Um filme que, infelizmente, continua muito atual, eu queria que ele fosse só um longa que contasse uma história que representasse bem um ponto, mas hoje ele é mais do que isso, ele ainda reflete muito do que acontece na nossa sociedade. Por esse motivo eu recomendo muito que você veja “A Onda”. Mas vale destacar que o filme não é excelente, como muitos gostam de vender, acho ele muito acima da média, mas tem alguns problemas.

A Onda – Nota:8,0

A Onda – Trailer

A Onda – Trilha sononra

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